A existência pública de Shakespeare, autor de uma enigmática série de "sonetos açucarados", influentes poemas longos, e as mais bem-sucedidas peças de teatro do seu tempo, contrasta, nesta abundância, com a relativa escassez do conhecimento que temos da sua vida privada. Este reduz-se a documentos legais de compras de imobiliário, a um testamento com um intrigante legado conjugal, e a referências interessantes e vívidas que lhe são feitas por alguns poetas e dramaturgos rivais do tempo.
Este contraste expõe a obra literária de Shakespeare como a exposição mais íntima do seu autor, intuição esta condensada na afirmação de Teixeira de Pascoaes de que ninguém conheceu Shakespeare como Hamlet o conheceu.
Propôe-se, nesta sessão, através da análise de três textos de Shakespeare, dar corpo a esta apreciação crítica de Pascoaes.
Um abraço,
AF